Casal se "separa" pelas filhas e vive de esperança em hospitais diferentes

Bebê de 1 ano trata câncer e recém nascida cardiopatia; há 3 meses, a rotina é em quatro paredes hospital

Arquivo Pessoal Casal se "separa" pelas filhas e vive de esperança em hospitais diferentes Com as duas internadas, em hospitais diferentes, familía ainda não teve a oportunidade de se reunir

Há cerca de seis meses, a vendedora Bruna de Almeida, 25, e o marido, Carlos Alberto, 41, viram o mundo virar de cabeça para baixo, após a filha, Lavínia, precisar passar por uma cirurgia de emergência por causa de um tumor cerebral, e a recém nascida, Alicia, receber o diagnóstico de cardiopatia. O casal precisou se "separar" para cuidar das filhas que estão internadas em hospitais diferentes.


A rotina do casal se resume a quatro paredes de cada hospital. Enquanto ela acompanha a caçula na Santa Casa, o marido está com Lavínia, atualmente internada no Cetoi (Centro de Tratamento de Oncologia Infantil), do Hospital Regional.


Ambos precisaram abandonar os trabalhos e o conforto de casa para se dedicarem 24 horas às filhas, Bruna ressalta que as contas continuam a chegar, eles contam apenas com o auxílio da licença maternidade e rifas organizadas pela irmã de Carlos. “Faz três meses que eu fico aqui, a gente tá dormindo dentro do hospital. Tem dia que eu nem como, se compro [a comida], eu tenho que escolher, ou eu janto ou eu almoço”.


Nas fotos que a mãe mostra emocionada, o sorriso estampado no rosto de Lavínia e o olhar atento de Alicia, revelam o quanto elas são novas demais para entender as batalhas que estão travando dia após dia para sobreviver. A mãe revela que o casal vive uma luta diária, em que após ser desenganada pelos médicos e se ver de mãos atadas, sua única alternativa é crer em sua própria fé. "Eu sou mãe, é minha obrigação ter fé e acreditar que a minha filha vai sair dessa. Eu tô tirando força do além. Eu também prefiro não pensar na morte, eu penso na cura”.


Lavínia foi diagnosticada com um tumor cerebral aos 11 meses de idade e  passou por duas cirurgias para a retirada do tumor, em novembro e dezembro de 2023. Após a cirurgia, a criança contraiu uma bactéria, e precisou ficar 50 dias internada.


Enquanto Lavínia estava na UTI, Bruna deu à luz à Alícia, em janeiro do ano seguinte. Ela foi diagnosticada com cardiopatia logo ao nascer, e encaminhada da maternidade direto para a UTI Neonatal. Lavínia recebeu alta dia 6 de fevereiro, dia do aniversário de Bruna. Mas a mãe não teve tempo de comemorar, porque dois dias depois, Alícia precisou passar por uma cirurgia de emergência, por conta de complicações no intestino, causadas por uma bactéria. Bruna relembra que quando chegou na UTI Neonatal, a bebê já estava entubada.


Enquanto Alícia se recuperava da infecção e se preparava para fazer uma cirurgia no coração, em março Bruna recebeu a notícia de que o tumor de Lavínia havia retornado. A vendedora mal teve tempo de se recuperar do baque, quando a recém nascida também precisou entrar no centro cirúrgico.


Alícia teve alta da UTI na última sexta-feira (3), mas segue internada, pois precisa ganhar peso e aprender a respirar sem auxílio de aparelhos. Enquanto isso, Lavínia está no Cetoi, pois após passar pela última cirurgia, contraiu uma infecção por bactéria novamente.


A mãe não soube dizer se a doença foi contraída durante a cirurgia, ou se está no sangue da filha, mas explicou que o turno não pôde ser retirado completamente, e a infecção está interferindo no tratamento do câncer.


Bruna relembra que quando descobriram o tumor de Lavínia, ela estava aprendendo a andar e falar. Alícia vive no hospital desde que nasceu, e apenas recentemente a mãe pôde pegar a recém nascida no colo. A sensação é de ter a primeira infância das filhas roubada pela doença. Bruna e Carlos têm uma filha mais velha, de dois anos, que está morando temporariamente na casa de uma amiga.


Bruna lamenta que coisas simples, como passear com as bebês, ensinar Lavínia a andar, jantares e momentos em família, foram tomadas dela. “É uma coisa simples, assim, que todo mundo tem. A gente não tem isso, porque ele num hospital com uma, eu num hospital com outra. E a minha outra filha, na casa de uma conhecida nossa”.


Quando as filhas receberem alta, o casal estima que precisará fazer adaptações na casa onde moram, para poder proporcionar conforto para as meninas.  A cunhada de Bruna abriu uma vaquinha solidária, para ajudar a custear as necessidades básicas da família, e juntar uma quantia para investir nas melhorias na casa. 

Mais lidas